Fernanda Rêgo Barros sugeriu eu escrever algo a partir de seus quadros. Não pude deixar de concentrar minhas atenções neste quadro que ela pessoalmente me mostrou no atelier da Faculdade. Ela me contou algo de forma rasteira sobre a história do mesmo, mas achei que a análise assim seria um tanto parcial.
Mas qual análise poderia ser imparcial? Nesta mesma Faculdade aprendi que existe uma análise de relevo estético e uma de cunho simbólico. O que está obtuso me atrai… Me fustiga a imaginar.
O traço de Fernanda é bem curioso: o contorno é indeciso e a harmonia das cores é bem peculiar. Me identifico pois nos meus rabiscos eu expunha um sentimento, uma inspiração acima da técnica.
Essa mesma técnica ficou sub exposta com relação ao tema: a mulher que sofre de seus amores em primeiro plano e o amado em um plano diferente, à parte. Está claro que quem protagoniza é a personagem de olhos turvos, olhos que parecem cansados deste mundo, necessitando algo mais etéreo. Com a boca desfigurada dos prazeres deste plano, a protagonista, como toda criatura maternal insiste em levar embaixo da asa o possível causador de seus males. Um idiota uma vez afirmou que apenas a beleza salvará o mundo e me convenço de que a profundidade desta máxima se refere à beleza que nem todos são possíveis de enxergar.
Vinicius Meireles
23/12/09